segunda-feira, 1 de junho de 2009

Porque tanta gente de Bacabal vai à Teresina em Busca de tratamento médico?

Há um fenômeno que ocorre, não só no Maranhão mais em outros estados, como Pará e Tocantins, que de tão constante foi banalizado pelo Maranhão: maranhenses lotam os hospitais da capital do Estado visinho, mesmo durante o período no qual as chuvas sucessivas fizeram o Parnaíba cortar acessos à Teresina, pacientes do Maranhão continuavam lotando as clínicas da capital do Piauí. Por quê? Não há somente uma razão e sim uma combinação de fatores que tem alimentado esse êxodo maranhense à Teresina em busca de melhor tratamento. Os bacabalenses que fazem visitas constantes aos seus médicos piauienses, afirmam que em primeiro lugar vem a falta da qualidade da oferta de saúde pública no Maranhão. Os pacientes que saem do estado em busca de tratamento, afirmam que aqui não há comprometimento profissional satisfatório, em Teresina e que acumulam-se casos de diagnósticos equivocados movidos pelo condicionamento do profissional de saúde ao insensível automatismo da conversa curta e baixa ou nenhuma atenção ao paciente aqui no Maranhão. “É como se a gente não tivesse ali sentado. Os médicos de Teresina olham pra gente, fazem a gente sentir que eles se importam com o nosso caso e fazem de tudo para descobrir a doença, não tentam adivinhar”, comenta dona Liana Silva na fila do Hospital São Marcos em Teresina-PI. Como o próprio comentário antecipou, a segunda maior reclamação dos pacientes maranhenses é a frieza dos profissionais conveniados com o SUS. Afirmam que remuneração que o SUS repassa aos médicos de suas cidades de origem não anima os profissionais que acabam por oferecer “meio serviço de atendimento”. “Às vezes o médico atende às pressas porque tem que ir atender seus pacientes particulares, os do SUS não tem direito a conversa, só podem relatar bem rapidinho o que sentem e ele prescreve alguma coisa”, disse seu Raimundo Firmo. Outra queixa é relacionada à disponibilidade de realização de exames: “Quando o médico não pode deduzir nada, ele pede um exame, o problema é que muitas vezes o tal não pode ser feito na nossa cidade, aí o jeito é tocar para Teresina!”, desabafa o senhor Raimundo de Sousa.
Desmotivação profissional dos médicos do SUS, mau atendimento e ausência de aparelhos adequados para realização de vários tipos de exames são as principais reclamações e motivos dos pacientes para procurar a capital do Piauí. Mas a estes fatores agrega-se o comércio das pensões em Teresina, principalmente ao redor do pólo de saúde, que se destaca como um dos mais lucrativos do Estado. A “mina de ouro” foi expandida no final dos anos 90, quando os donos de pensões descobriram o filão dos “convênios” com hospitais, médicos e clínicas particulares de Teresina. De lá para cá, a guerra por clientes (pacientes), vindos do Maranhão, Pará e Tocantins, está cada vez mais acirrada. Para explicar como acontece, eis um exemplo: digamos que uma tomografia em uma determinada clínica custe R$ 240,00, então entra a figura do dono da pensão que “oferece” o paciente (cliente) para outras clínicas que fazem o mesmo exame. No fim das contas, o exame acaba rateado entre a clínica, que fica com R$ 190,00; e o dono da pensão, que recebe R$ 50,00 por agenciar o paciente. A prática já é comum e notória, no entanto satisfaz aquele que saí a procura de qualidade de vida após um bom tratamento.
O que mais acentua essa grande “romaria” de doentes maranhenses a Teresina é a falta de investimento e mais qualificação técnica na área no nosso sistema. Um grande exemplo é Bacabal, a cidade dispõe de um quadro médico satisfatório em termos de quantidade, mas fica devendo em especialidade, o que se encontra raramente em médicos que não permanecem aqui, bem como o investimento em equipamento e em mão de obra para operá-los. Em Teresina, em cada esquina, há um equipamento de tomografia computadorizada, ultrasom, dentre outras que são imprescindíveis para um diagnóstico e consecutivo tratamento de vários doenças. Aqui falta reciclagem, lá isso acontece corriqueiramente, são médicos bem treinados que não perdem a capacidade de serem humanos, aliados a investimento e a boa propaganda de massa.

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